Canal de Bristol - Região Portuária

O som das gaivotas, as ondas batendo nas pedras. Os olhos abrem-se lentamente, a luz os machuca, como se fosse a primeira vez a usá-los. Tosse, cospe uma abundante quantidade de água salgada. Atônito e confuso, nota uma sombra a observar-lhe. Um menino, com expressão dura e usando um chapéu negro.


- Porque escolhes a morte?

* Anthony Wolf, desperta.

Wolf olha para abaixo da montanha, vendo o porto. Ele chegara a terra firme. Talvez não esteja morto.

Olha para a criança. Verifica a vestimenta fora do comum. Quem o vestira?

- Onde estou? E quem é você?

Faz a pergunta enquanto olha para cima, vendo o ceu estrelado. Sua mente vai lhe trazendo as memórias do que ocorreu, e seus pensamentos vão ficando pesados.

* O garoto franze o cenho.

- Não lembras? Bem, notoriamente compreensível.

* Ele se senta em uma das rochas, parece brincar com a areia.

- Sou Vladslav Lamazus , o terceiro. Não deves preocupar-te, se desejasses tua morte, já o terias feito. Agora responda-me, por que escolhes a morte uma vez que lhe é presenteado com a vida?

- Não escolhi a morte.

O Garou tentava se recompor. Sua mente continuava carregada, mas precisava descobrir o que estava havendo antes de se entregar a qualquer depressão.


- Aparentemente devo ter perdido a memória.

A essa altura, Anthony já notara que não lidava com um garoto comum. Talvez, nem mesmo com um garoto.

- O que poderia me dizer sobre onde estou e como cheguei até aqui? Pelo que noto, deve entender muito melhor minha situação do que eu mesmo para considerar "compreensível".

* Continua brincando com a areia.

- Eu o retirei das águas, há algum tempo...meses eu diria. O alimentei, da minha forma. O vesti e o mantive a salvo.

* Levanta o olhar, frio e inexpressivo.

- És um espécime interessante, senhor. Me serviu bastante. Mas serei justo, fui avisado por um espírito de sua presença na maré...de alguma forma, chegou à baía de Bristol sobre destroços de um navio.

- Bristol? Estou em Bristol?

O Garou se lembra das suas terras. Eram suas por direito, agora que seu pai já morrera. Precisava ir para retomá-las.
Wolf observa o menino, em seus mínimos detalhes. Não deixa de tentar notar a respiração do menino a sua frente ou outra característica.

- Fico agradecido pelo auxílio. E será recompensado. O que o espírito lhe disse? E por que perguntara se eu queria morrer?

Anthony ja estava se perguntando onde conseguiria roupas melhores. Não retornaria com tais trapos.

* O garoto sorri, pela primeira vez.

- Achas que vai à algum lugar?

* Anthony se atém aos detalhes da criança, e com seus sentidos apurados, não consegue ouvir sua respiração, assim como seu peito não se movimenta enchendo-se e se esvaziando com ar.

- O espírito disse-me muito, como de costume. A peste, então?

- Não sabia que os Mortos Vivos conversavam com espíritos. De fato, vivendo e aprendendo.

O Garou se mantinha atento. Não sabia quais artimanhas um sanguessuga poderia ter e usar contra ele.

- Se sabe tanto quanto eu, e até mais, não faz sentido suas perguntas. Agora, por que me salvou? E o que ocorreu nesses meses?

* Brincava com a areia, levantou limpando as mãos em suas nobres roupas.

- Vejas, sou um estudioso do corpo. E o seu é bem interessante, garou. Ajudou-me bastante, principalmente teu sangue, precioso, eu diria.

- Não o salvei, em verdade. O retirei da água, mas já estava salvo, ele o salvou.

* Aponta para os céus.

- E não estou falando do homem crucificado, obviamente.

- Bem, há coisas que não sei, por exemplo. Como? Como a peste nos atingiu?

* Anthony sente um desconforto nas costas.

- E o que aprendera me estudando, Sanguessuga?

Quando o vê apontando para os ceus, Wolf se lembra de Avô Trovão. O Totem de sua Tribo o salvou, mesmo após o que fizera? Por que? Ele desgraçara a tudo, por que foi salvo?

- A peste atingiu...?

Anthony fica em choque com a informação. Então, realmente, o que fizera desencadeou um mal terrível. E ele não iria descansar até ter a cabeça de Sebastian Collins em uma lança enfeitando seu território.

O Garou estende as mãos para as costas, verificando-a com o tato a razão de seu desconforto.

* Anthony coloca a mão nas costas e sente um vazio, um buraco por trás de suas costelas, e algo parece caminhar internamente. O garoto prossegue.

- Sim, com a sua chegada, vieram também os roedores. Muitos. Trouxeram a peste que hoje assola os humanos em Bristol. Ao contrário de ti, chegaram em um navio cargueiro.

A notícia da peste só não lhe deixa mais assustado do que a sensação em suas costas.

- E o que fizera comigo? O que é isto aqui?

O Garou começava a sentir sua raiva crescer...pouco a pouco e lentamente, mas já sentia...

- O que é?

Diz enquanto prossegue tateando, buscando compreender sua própria situação.

* Pega um pouco de areia que descansa por cima das rochas e deixa cair lentamente por entre as mãos.

- Vê? Este é o problema das cobaias, sempre balbuciam sobre aquilo que desconhecem.

* Bate uma mão contra a outra, limpando-as.

- Precisavas se alimentar, e eu precisava estudar tua anatomia incomum. Inseri algo que cumprisse as duas funções. Mudes de forma e teu corpo regenerará e expulsará o hospedeiro, naturalmente, não precisarás mais dele...nem do orifício cirúrgico que implantei abaixo de tuas costelas.


* Olha para os céus, parece desapontado.

- Meses desacordado e se limita a questionar o óbvio. Tedioso, senhor Wolf.

Fica surpreso com o que foi dito pelo vampiro. Era um misto de incompreensão e curiosidade o que sentia.

- E o que foi capaz de descobrir com seus estudos, Lamazus?

O Garou perguntava, superando o ódio inicial.

- Algo relevante?

* Com o olhar frio como a noite.

- Que os filhos de gaia são muito mais frágeis do que aparentam.

* Olha para a lua.

- Mas este é um assunto que ficará para outra hora. Deves estar curioso sobre sua chegada aqui, farei um breve resumo, considere minha recompensa por ter sido um objeto de estudo interessante.

- Apareceu sob destroços de um navio. Seria resgatado pelos homens do mar, um de meus aliados espirituais me informou e eu evitei, com pouco sangue, que isso acontecesse. O levei até o meu castelo, do qual obviamente não se lembras. Embora tenha comido, bebido e dormido sobre meu teto por algumas semanas.

- Logo se opôs a meus estudos, e naturalmente tive que induzí-lo ao sono profundo novamente. Por fim, cansei-me dos resultados e o trouxe até esta caverna, com a intenção de indicar que tinhas acabado de acordar e eu teria apenas o ajudado a recobrar sua consciência.

- Mas prefiro a verdade, ela costuma ferir mais profundamente que a mentira. O senhor não acha?

* Encara Wolf.

- Em se tratando da verdade, voltemos ao assunto. A peste, como teve início?

- Há coisas que ferem mais que a verdade ou a mentira. E nos últimos dias, o que me conta é o que menos me fere.

O ser que andava em si estava irritando.

- Permaneci semanas sob seu teto, e não lhe contei nada? - Diz sorrindo.

Em seguida Anthony assume a forma Crinos.

* O garoto se senta ao chão, despreocupadamente, mesmo frente ao monstro negro à sua frente.

- É difícil dialogar com os loucos. Já tentou, senhor Wolf?

- De toda sorte, disse-me muito. Alguns devaneios, é verdade, mas sua origem, família, posses, histórias tediosas de guerra e um misto de fúria e medo de um ser chamado Sebastian Collins. Enfim, nada que realmente importasse.


* Como se precisasse, "respira" fundo.

- Sempre que o questionei sobre a peste, voltou a gritar e desmaiar. A mente de um homem, e aparentemente de um licantropo, é facilmente abalada. Pobres mortais. Enfim, minha paciência é limitada...conte-me sobre o início da peste. Agora.

O imenso Crinos negro cheira o verme morto, verificando-o.
Quando indagado pelo vampiro, responde.

- Plano da Wyrm, feito por lobisomens corrompidos. Extermínio da Humanidade.

Emite um rosnado.

- Sebastian Collins é o culpado.

Fareja o ar. Tenta se localizar, inclusive sentindo o cheiro de ambos para descobrir por onde vieram.

Busca verificar por todos os sinais possíveis, qual seria a direção de suas próprias terras. Inclusive pelas estrelas e constelações.

- Sim, o básico me contou, meses atrás. Fale-me sobre os roedores, o ritual, quero detalhes.

* Pareceu mais interessado, olhando fixamente o Crinos.

O Garou não olha nos olhos do menino, apenas observa o ambiente.

- EM QUE LHE INTERESSA, SANGUESSUGA?

Ele se mantém atento a qualquer manobra do vampiro, mas não lhe olha diretamente.

- NÃO PODE FAZER NADA.

* Vira de costas, olhando o céu.

- Dificultas o simples, senhor Wolf. Recapitularei os fatos até então, acompanhe-me, por favor.

- Sebastian Collins, um descendente dos Uivadores Brancos, o colocou em uma situação desesperadora. Eu consigo entender, apesar de pouco me importar. O fato é que os planos dele interferem nos meus, o que foi feito a ti, de certo modo, é prejudicial às minhas aspirações.


* Volta a olhar o crinos.

- Como sabes agora, o curei, alimentei e mantive a salvo durante meses porque preciso de ti, vivo. Portanto, guardes teu ódio e palavras esdrúxulas como "sanguessuga" e "criatura da wyrm" para um momento mais apropriado. Conversaremos civilizadamente, sim?

*A criança a sua frente era persuasiva, a seu modo.

- Serei mais claro. Tua mente sofreu perturbações de tal modo que impediu meu acesso completo as informações que preciso. Sei tua origem e os detalhes de tua existência até o dia da viagem naquele Navio. Tuas suspeitas se confirmaram, foram os roedores que trouxeram a peste. Mas como? O que Collins fez para que tão poderosa praga se espalhasse rapidamente?...Em que tu participastes?

- Tua inclinação em responder-me ou não poderá mudar o curso dos eventos. A praga se espalha por toda Bristol, e isto me é bastante incômodo. Como dominar aquilo que não vive? Espero que compreenda isto, Anthony Wolf, e advirto-lhe sobre os recentes eventos em sua família.

- O Barão Wolf, teu progenitor, faleceu prematuramente. Envenenado, de fato, por uma criatura vil e traiçoeira chamada Edgar Rhaskus. Teus bens e terras foram confiscados em nome do Rei, e agora os pertencem.

- No fim, podes escolher entre conversar pacientemente comigo, e quem sabe, compartilhar de meus desejos por "justiça". Ou, poderás partir agora e voltar à Bristol, onde a praga, terras usurpadas e o desconhecimento completo de quem és, a não ser por parte de Rhaskus que o caçará como um cão que aparenta ser, o aguarda. Sinta-se livre.

* O olha, inexpressivo.

O Garou ouve tudo que o vampiro lhe diz. Novamente, ele se revolta com sua incapacidade de fazer qualquer coisa, mas dessa vez, aceita sua situação.
Vagarosamente, assume a forma hominídea.

- Conversaremos, Lamazus. Vou lhe contar. Não tenho nada mais a perder mesmo.

Suspira.

- Sebastian Collins planejou minha presença no navio e me enganou. Contou seu plano, menos a parte que eu tentar impedí-lo era parte dele. Quando me transformei, liberei uma tal energia e o ritual foi finalizado. E é isso, sou responsável pelo que ocorreu.

O Senhor das Sombras mantém um olhar de revolta, que depois se transforma em pura indiferença.

- Quem ou o que é esse Rhaskus?

* Ainda sem demonstrar sentimentos ou emoções.

- Preciso, senhor Wolf, preciso. Não tens nada a perder, sequer está vivo. Vamos manter desta forma e nos aproveitaremos de sua inexistência. Não se pode prevenir o que não existe, concordas?

* Fica pensativo por um instante.

- A mudança de forma? Sim...ardiloso Collins. Suponho que a simples mudança não seja suficiente, algo mais...algum preparativo. Teve algum contato direto com Sebastian? Algo foi feito diretamente em seu corpo?

* Aguardava a resposta, mas o respondeu.

- Rhaskus é o pior de dois mundos, Senhor Anthony. Fostes um lobisomen, assim como vós, hoje é algo mais...algo que está além de meus poderes enfrentar. Até agora.

- Sim, mantive contato com Sebastian, mas ele não me tocou. Apenas conversou comigo. Consegue descobrir qual e como foi feito o ritual, exatamente?

Ouvindo a resposta a sua pergunta, diz.

- E quem está no comando disso tudo? Collins ou Rhaskus? E outra dúvida...por que eu?

- Ele não precisaria tocá-lo...algumas palavras, algum tipo de gás, algo..algo que o ar carregasse.

* O garoto caminha por entre as pedras, pensativo.

- O ritual em si é impossível de se decifrar. Mas as características dele indicam uma mescla de alguns outros rituais menores. A praga é poderosa, mas é possível que eu consiga revertê-la...ou atrasá-la. Coletei dados importantes de seu sangue e de nossas conversas.

* Foca sua atenção em Wolf.

- Porque tu, senhor Wolf? Casualidade não faz parte de minhas crenças. Teu pai fora um poderoso barão em Bristol, tu és um licantropo, estavas em Gênova, domínio de Collins. Terras, poder, facilidade.


- Rhaskus e Collins são poderosos estrategistas, mas não são a figura principal de todo esse estratagema. Aliás, a praga não é um fim em si mesmo, é um meio para algo. Algo que precisamos descobrir.


* Indica com a palma da mão uma luz no meio das montanhas do lado contrário à Bristol.

- Bem, creio que começamos a nos entender e que o senhor não irá tentar me estripar enquanto durmo. Presumindo isso, posso convidá-lo a voltar a meu castelo, onde podemos continuar a traçar planos para o que vem em seguida?

- Um dos lacaios dele, um Dançarino chamado Barrabás, foi me visitar em meu dormitório dizer para que eu não saísse de lá, e estava com um cachimbo, com uma erva estranha e baforara em meu rosto. Eu desobedeci e isso me levou a encontrar Sebastian.

O Garou começava a juntar as peças, mas ainda eram poucas e dispersas.

- Também havia um líquido misterioso. E quando o ritual foi completado, meus pelos caíram e os ratos o comeram.

- E sabe quem é a figura principal? Sebastian disse que as Cruzadas foram preparadas pela Wyrm. Talvez o Rei esteja envolvido?

Vê a direção do Castelo.

- Nunca fui como os demais de querer estripar sua espécie. Creio que há coisas mais importantes com as quais nos preocupar. Como agora.

* Ouve atenciosamente.

- Gás...sim, seria suficiente. Devoraram teus pelos? Compreendo. Sem dúvidas, fora um elaborado ritus. O mais interessante, senhor Wolf, é que os roedores morreram logo após contaminarem os viventes em Bristol. A praga parece matar o hospedeiro assim que é transmitida a outro...como um parasita.

- Bem, vamos nos acomodar melhor, conversar aos pés de uma caverna foi uma necessidade, não uma preferência. Estima-me ouvir sobre suas inclinações mais...razoáveis do que comumente seu povo possui.

* Fixa o olhar na floresta aos pés da montanha.

- Só um instante, por favor.

* Após alguns minutos, uma carruagem negra sobe pela trilha da montanha. O cocheiro usa um sobretudo negro que lhe cobre completamente o corpo e rosto, mas a curva de sua coluna é enorme, com uma corcunda bem visível. Ele pára a carruagem em um ponto no qual não é mais possível continuar.

O garoto olha Anthony e conclui.

- Siga-me, nosso transporte chegou.

* Caminha em direção à Carruagem.

- O Rei...suspeito que seja apenas um peão. Desconheço quem comanda a Collins e Rhaskus, teremos este desafio pela frente, senhor Wolf.

- Se a praga é transmitida como um parasita, significa que ela não se multiplica? Se for isto, talvez seja mais fácil freá-la.

Segue à carruagem.

- Suspeita quem está por trás do Rei?

* No interior da carruagem.

- Parasitas se reproduzem, mas precisam de um hospedeiro para tal. Um infectado pode infectar outras dezenas de pessoas, segundo meus estudos. Eis o cataclisma criado pelo senhor Collins. Admirável, de certa forma.


- Senhor Wolf, suspeito de alguns nobres em Bristol. Mas falaremos mais aprofundadamente sobre isto mais tarde. Por hora, desejas comer algo?

* Indica uma travessa no banco lateral, coberta.

- Aceitaria.

O Garou descobre a travessa e verifica a comida, sentindo o cheiro de força disfarçada.

- Belo Castelo, a propósito. Como o mantém? Algum serviçal nobre?

* Observa seu convidado tocar a louça.

- Interessante.

* O responde, apenas observando, já que não sente a necessidade de comer.

- Minha linhagem possui muitos bens e posses. Serviçais são apenas uma parte deles. Senhor Wolf, estou curioso.

- Fale-me sobre Nidhog.

* Cruza os dedos das mãos, apoiando o queixo e o encarando.

O Garou pega o pedaço de carne e come apenas ele.

- Por que usou a prata? Não acredito que fizera com ignorância, Lamazus.

Morde a carne.

- Creio que deveria compartilhar alguns conhecimentos sobre seu povo também. Se caso sinta-se ameaçado, fale sobre os outros Clãs. - Demonstra conhecer algo sobre a raça dos vampiros.

* Ainda inexpressivo, o "garoto" o responde.

- Perdoe-me, obviamente minha curiosidade é meu maior defeito. Os demais clãs? Oras...o que eu deveria elucidar sobre os Gangréis para um licantropo? Têm muitas semelhanças...embora o senhor possua muito mais etiqueta e conhecimento do qualquer animal que já conheci ou que conhecerei.

- Ventrues...seriam...seriam os seus Presas de Prata, não é assim que os chamam? E oras, os Lasombra seriam àqueles equivalentes a tua tribo. Eu creio. Vejas...no fim eles têm muito em comum com os de sua espécie. Irônico.

- São tantos e em geral tão descartáveis e caricatos...então vamos nos ater à mim. Sou descendente de uma linhagem pura, a mais pura de nossa raça, sou um Tzimisce. Sabes algo sobre nós? E ah, por favor, responda-me sobre a sociedade de Nidhog, me intriga, seriamente.

O Garou continua comendo.

- Qual a origem dos vampiros? Ou pelo menos, como acreditam que nasceram?

Ouve a pergunta insistente.

- Como soube sobre nós?

* Como se precisasse, respira fundo.

- Confiança, não é? E eu achei que este rosto angelical ajudaria. Ou salvar sua vida...ou mantê-lo a salvo por meses. Minha inocência me preocupa, por vezes.

- Bem, o deixarei livre para me contar sobre a sociedade em um outro momento. E nós? Os vampiros possuem várias versões. Somos antigos, tanto quanto a humanidade, em verdade. Mas temos um ponto inicial...um ancestral. Quem sabe quando compartilhar sobre tu, compartilharei mais sobre nós?

* Olha a travessa de carne praticamente vazia.

- Providenciarei alimento fresco para o senhor, durante o próximo dia. Confesso que não estoquei para seu retorno. Não estava certo de que retornarias.

- Diga-me, após tudo, o que pensas fazer?

- Você mesmo tinha dito que não me salvou. E que precisou me desacordar para me usar como experimento. Além do mais, o que pergunta é segredo até entre os de minha espécie. Lhe contar isso exigiria muito mais em troca do que apenas informações sobre sua raça.

Ouve sobre a comida.

- Providencie carne, apenas. Não como outras coisas.

- Quanto ao que penso em fazer...trabalhar com o senhor para impedir algo que possa ter consequências desastrosas para todos nós. Talvez, também descobrir como recuperar minhas posses e terras. E, claro, cortar as cabeças de Rhaskus e Collins.

- Ao cortarmos um membro putrefato, o fazemos para que o ser machucado viva. É um salvamento, em todo caso. Mas tens razão, usei-o para obter respostas. E assim faremos de agora em diante, o usarei para meus propósitos e em troca terás meus bens, servos e conhecimento à sua disposição para reaver suas terras e quem sabe ter as cabeças de seus estimados rivais.


- Quanto à praga, trabalharemos juntos, como bem pontuou. Sobre Nidhog, falaremos quando achar prudente.

* Olha pela pequena janela do coche.

- Vejas, chegamos.

- Gosto assim.

O Garou aguarda que parem para que possa descer da carruagem. Então, ele segue o vampiro adentro do castelo. O local lhe pareceria agradável e interessante, apesar de tenebroso.

- Essa cor...o fogo verde. Collins controlava chamas semelhantes.

Não deixa de expressar um ar de desconforto.

* Diz sentando-se à cabeceira da grande mesa empoeirada e indicando para que seu convidado faça o mesmo.

- Mesmo? Confesso minha ignorância em relação as habilidades dos Dançarinos. Sobretudo de seus anciões.

* Um servo, um homem aparentemente velho e bastante pálido, traz duas taças em uma bandeja, servindo uma a seu mestre e deixando outra sobre a mesa à frente de Wolf.

- Vinho. Se apreciares, é envelhecido em barris de carvalho por anos. Não se encontra mais destes, um dos motivos pelos quais Roma não deveria ter caído, precocemente.

- Como faz ele ter outra cor?

Diz enquanto se senta na mesa.

- Sempre gostei de bons vinhos.

Estende a mão, pegando a taça e dando um gole para saborear o mesmo.