Canal de Bristol - Região Portuária

* Ao cheirar a carne, Anthony nota um agradável cheiro de um corte nobre. Sem dúvidas, das melhores que já provou.


* Devido a sua enorme força, rapidamente o Gurahl consegue abrir as barras e passar, livrando-se da cela. Em meio a respiração da criatura e da sombra que se arrasta de um lado para outro, nota finalmente uma luz. Ela vem de trás do ser que parece acorrentado.

Aparentemente, não seria possível chegar à suposta porta sem passar pela criatura. Bruin ouve uma voz...infantil. Um garoto, ou mesmo uma garota, pelo tom. Não mais que dez anos.

- Sugiro que se acalme. Apesar dos...cuidados, és um convidado, não um prisioneiro.

Enquanto come a carne, ouve a indagação de Melkor, e responde:

- Posso elaborar muitas teorias, senhor Hazar, mas prefiro ouvir a resposta que imagino que o senhor tenha.

Dá um sorriso, enquanto dá um gole no vinho disponível.

* Bebe de sua taça, enquanto o responde.

- Teu nome.

* Faz uma pausa.

- Esqueça o ritual de Collins. Esqueça o fato de ser um metamorfo. Apenas teu nome importa.

* Mais um gole na taça, apreciando cada gota.

- Tua descendência e direito ao Baronato e o consequente acesso ao círculo social do Rei Edward. Esta reunião, além de demais assuntos, é essencialmente para discutirmos a melhor forma de nos aproveitarmos disso. Embora Lamazus julgue essencial mantê-lo morto, por hora. Por conta dos planos de Collins e Rhaskus.

Ouve atentamente, enquanto aprecia o vinho.

- E o que esperam alcançar? Qual o interesse no Rei?

Mais um gole.

- De qualquer forma, não pretendo me opor ou recusar ajudar seus planos. Mas quero as cabeças de Collins e Rhaskus enfeitando minhas terras.

* Sorri, diabolicamente.

- O interesse é no poder do Rei. Mais precisamente, no Cardeal Richard Dupont.

* Um gole a mais.

- Dupont comanda legiões. De fiéis e soldados. O Rei é influenciado diretamente por ele e o conflito com Gales se desenha mais forte a cada dia.

* Olha Wolf por algum tempo.

- Diga-me, imaginas estas terras sendo dominadas por Gruffyd? Devastação, morte, nada a dominar. Nada a viver.

* Um gole a mais.

- Isto inclui o Santurário dos Metamorfos, na Floresta de Greenwich. Gales não seria páreo para o poderoso reino bretão? Talvez...se o Rei não estivesse nas mãos de Dupont e uma aliança provável não estivesse acontecendo entre Gruffyd e o ardiloso controlador do Clero.

- Entendo.

Pensa sobre as palavras do Tzimisce.

- E há alguma suspeita sobre quais forças sobrenaturais estão por trás desses personagens? Lamazus disse que Gruffyd é um vampiro que fez um pacto. Com quem este pacto foi feito? E Dupont...o que ele é, e a quem serve? Ou ainda não descobriram?

Cruza os dedos das mãos e as repousa sobre a mesa.

* Durante a conversa, "dedilha" sobre a imensa mesa de madeira com a mão direita.

- Pessoalmente estive investigando Gruffyd em Gales. Ele tem realizado sacrifícios humanos em suas terras. Não temos a certeza da entidade que o "protege", todos os meus enviados foram mortos, sempre que se aproximavam de uma conclusão.

* Aprecia mais um gole.

- Dupont é um mistério. Vive enclausurado há longos meses, dizem que apenas o Rei o vê. Outros dizem que ele aparece em festividades reservadas a seus escolhidos. Nossos esforços de aproximação falharam.

* Olha Wolf seriamente.

- Nossa última investida carregava seu sobrenome. E pereceu no processo.

- Collins me disse que as Cruzadas foram desencadeadas por agentes da Wyrm. Se levarmos em conta que Baibars é um de minha espécie, podemos concluir sobre quem está por trás de Dupont. Talvez o Cardeal seja envolvido com as forças da Wyrm. Uma possibilidade. Claro, Sebastian também pode ter blefado.


Ouve o último comentário e centra o olhar no vampiro, completamente sério.


- Lamazus disse para eu não confiar em coincidências. Não foi por acaso que Sebastian me escolheu para estar no navio e que Rhaskus assassinou meu pai.

Se inclina sobre a mesa

Qual é a verdade, Melkor?

* Respira fundo, como se precisasse.

- A verdade, senhor Wolf. É que seu pai foi um grande aliado e que Rhaskus o assassinou, ao descobrir seu empenho em desmascarar o Cardeal.

* Mais um gole na taça.

- Compreenda, Anthony. Os Barões detém poder, mas todos estão sob as rédeas do Cardeal. Teu progenitor era a exceção e ao descobrir algo que infelizmente não houve tempo para nos ser revelado, pagou com a vida.

- Collins planejou sua entrada naquele navio. Requintes cruéis, após o assassinato do pai, usar o filho como meio para espalhar uma praga. Me é simples de compreender.

- Dos seis barões que formam um círculo de decisão do Rei, quatro são subordinados ao Cardeal, um possui tão pouca influência que sequer é convidado às reuniões do conselho. E um dos mais influentes, e contrário às ordens do Clero, foi retirado do tabuleiro. Não deixariam seu filho voltar às terras e assumir o legado do Barão Wolf.

- E sim, obviamente Rhaskus, Collins e o Cardeal estão atuando em conjunto.

Ouve toda a história, e permanece alguns segundos em silêncio. O ódio é grande, mas já sabia do assassinato. Apenas desconhecia os motivos e as conspirações por trás. Dupont acaba de se unir à lista dos que precisam ser decaptados.

- O meu tio está envolvido nisso? E quem é o quinto Barão, este não convidado às reuniões?

Vira a taça de vinho em um só gole e volta a comer a carne, até terminar com ela.

- A praga, obviamente, deve fazer parte de um plano maior. Desestabilizar para abrir caminho à Gruffyd?

* Coloca a taça vazia sobre a mesa.

- Seu tio é um antigo aliado. Mas possui outros locais nos quais precisa agir. Em geral, sua participação nestas terras é quase nula.

- O quinto Barão é Taylor Nashville. Fora aliado de teu pai, mas possui pouca influência e poder. É simplesmente deixado de lado quando as peças do tabuleiro se movimentam.

* Olha Wolf e conclui.

- Abrir caminho para Gruffyd é uma possibilidade, mas não creio que seja o fim. Há algo mais, algo que estamos deixando passar e isto me irrita, profundamente. Como vês, senhor Wolf, temos muito trabalho a fazer e precisaremos de aliados.

* Ergue uma das sobrancelhas.

- Sugiro que comece com o Santuário.

- Talvez Nashville possa oferecer alguma vantagem, em algo. Afinal, um barão ainda é um barão.

Escuta a proposta do vampiro.

- Creio que esta consciente de que tal empreitada deveria ser feito com o mais absoluto sigilo, sob o risco de ganharmos mais um inimigo. Assim sendo, o que exatamente tem em mente?

* Sorri, maliciosamente.

- De fato. Estás morto, lembra-se?...No entanto, Rhaskus e Collins conhecem tuas feições, assim como as características não negam tua filiação e pertença à família Wolf.

- Sair desta forma não é uma opção para o senhor, ou para nós. No entanto, somente o senhor conseguiria angariar aliados, escondendo nossa existência obviamente, no Santuário.


- Notou a aparência incomum de Lamazus, eu suponho. Às vezes, ele ocupa o corpo de uma criança, outras vezes, de um velho cavaleiro. Ele poderá fazer com que renasça, em outro corpo, no qual será uma sombra irrastreável para Rhaskus ou Collins, sem inutilizar suas habilidades e permitindo que consiga entrar e sair do Santuário e usar o que eles oferecerem de útil.

* Coloca as duas mãos sobre a mesa e projeta a cabeça para frente, questionando.

- Até que ponto está disposto a chegar para concluir tua vingança, e nossos objetivos?

- Está propondo que eu haja como um espião, me passando por outro?

Seus olhos percorrem o ambiente, pensativo.

- É arriscado, e não sei as repercussões de tal atitude no plano espiritual. E se fossem capazes de identificar algo errado? Além do mais, sua raça tem a mácula da Wyrm. Eu seria facilmente descoberto.

- E, como pretenderia utilizar os meus iguais nessa estratégia?

* Gargalha.

- Perdoe-me.

* Recompõe-se e volta a seriedade.

- Foi preciso ao citar que o Barão Taylor Neshville poderia ser útil. E será.

- Precisamos de um Barão no conselho do Rei. Taylor é um inútil, mas é um Barão. E somente lhe é negado acesso devido a sua falta de capacidade intelectual. No entanto, Neshville possui um irmão mais velho, que por coincidência, é um convidado de Lamazus neste castelo.

- Seria um infortúnio ao senhor Neshville se seu irmão, há tanto tempo fora devido as Cruzadas e dado como morto, retornasse e clamasse pela primogenia, e pelas terras.

* Sorri.

- Notas o ponto ao qual quero chegar?

Ouve as insinuações sobre o que se poderia fazer.

- Entendo sua proposta, mas não obtive a resposta às minhas indagações anteriores.

Apoia o cotovelo sobre a mesa e a cabeça sobre a mão.

- Prossiga.

- De família, presumo. A mesma expressão pomposa do tio...

* Volta a "dedilhar" sobre a mesa de madeira com uma das mãos, lentamente.

- De forma sucinta: Assumirá a aparência física de Harvey Neshville e ocupará seu lugar de direito como Barão. Esta é a questão física que o colocará onde precisamos. Espiritualmente, Lamazus possui conhecimento e alianças com entidades diversas, o sigilo será absoluto. Deste ou do outro lado.

- Há um pormenor...ao se submeter ao "renascimento", aceitarás de bom grado o que chamou de "Mácula da Wyrm". Serás marcado até que consigas o que esperamos, então, Lamazus conseguirá o suporte necessário para extrair esta marca de você.

- Poupe-me de perguntar como. Isto, deverá saber dele. Minhas especializações divergem das dele.

* Das sombras, caminha vagarosamente. Pára ao lado da criatura, imersa em trevas e parece acariciá-la. Em seguida continua caminhando até que a luz da tocha revele sua imagem ao convidado.

- Direi o que pretendo, mas o segundo pedido não poderei realizar.

* Observa a aparência bruta do ser e em seguida conclui.

- Acalme-se. Como disse, és meu convidado. Sou tão inimigo de Sebastian Collins quanto você, senhor metamorfo.

* Olha curioso.

- Os de sua espécie são tão emotivos quanto você? Criaturas magníficas, contudo.

- Teu sangue continha um reagente de suma importância para desenvolvermos a cura da peste liberada por Sebastian Collins. Não poderia perder a chance de estudá-lo. Me acompanhe, por favor.

* Começa a caminhar de volta à luz.

- A menos que prefira ficar na companhia de meu Vozhd.

-Emotivo? Qual outra reação você esperava? Que eu me jogasse aos seus braços, criatura?

*Porém, quando a criança menciona a praga, a postura de Bruin muda.*


-A praga? O que sabe sobre a praga?

* Caminha em direção à saída.

- A este ponto, sei mais sobre ela do que o senhor imagina. Estou tentando evitar que se espalhe ainda mais.

- Siga-me, Gorgon se enfurece fácil, mesmo comigo no recinto. Ele sente fome, e seu cheiro lhe é agradável.

* Deixa o recinto, seguindo pela porta iluminada.

* Senta-se em uma cadeira, pela altura, suas pequenas pernas ficam "flutuando" acima do chão. Aponta a comida e bebida.

- Deves estar com fome, por favor, aceite. Desconheço tuas preferências, mas há carnes, frutas e pão de trigo. Além disto, há vinho, hidromel e água.

* Aguarda que seu convidado se sente.

- É importante que saibas que neste momento não existe nenhuma ameaça à sua presença aqui. Como disse anteriormente, és meu convidado.

* Seu olhar é frio, quase inexpressivo.

- De fato. O faço porque o quero como aliado.

* Aguarda pacientemente que seu convidado coma tudo que tiver vontade. O melhor disponível em Bristol está servido.

- Vladslav Lamazus, é minha alcunha. Estás em meu Castelo, nas montanhas do Canal de Bristol. O mantive em segurança após ser desovado ao mar pelos servos de Sebastian. As amarras em teu pulso foram necessárias, pois tu mudavas de forma inconscientemente a cada experimento que eu fazia para a extração da cura.

- Creio que isto adiantará nossa conversa. Tenho pressa.

* Juntava as pequenas mãos e entrelaçava os dedos, por vezes.

- A dor, em geral, é necessária. Tuas transformações eram reflexo de meus métodos invasivos, mas igualmente necessários na busca pela cura.

* Olha de forma séria, seus olhos não piscam por um só momento.

- Alianças são forjadas na fornalha do desespero, da necessidade. Creio que precisamos um do outro neste momento, Senhor Metamorfo. O Dançarino da Espiral Negra, conhecido como Sebastian Collins, realizou um complexo ritual e desencadeou sobre estas terras uma terrível praga.

- Humanos, animais e até mesmo seres sobrenaturais que desfrutam da vida foram atingidos. Morrem em poucos dias, mas não antes de propagarem a doença para os que estiverem a seu redor.

- Esta situação não é benéfica à minha causa. E obviamente, não deve lhe agradar igualmente. Proponho que me acompanhe, sente-se à mesa com outros dois convidados e decida sabiamente teus próximos passos.

* Pela primeira vez em toda a conversa, esboça um discreto e quase imperceptível sorriso.

- A propósito, um de meus convidados viajou no mesmo navio que o senhor. Infelizmente, foi alvo de Collins e uma peça fundamental para a criação da praga.

* Desce da cadeira e cruza os braços para trás.

- Excelente.

* Caminha saindo da sala e seguindo pelo corredor em direção ao salão principal.

- Siga-me.

Melkor escreveu:- De família, presumo. A mesma expressão pomposa do tio...

* Volta a "dedilhar" sobre a mesa de madeira com uma das mãos, lentamente.

- De forma sucinta: Assumirá a aparência física de Harvey Neshville e ocupará seu lugar de direito como Barão. Esta é a questão física que o colocará onde precisamos. Espiritualmente, Lamazus possui conhecimento e alianças com entidades diversas, o sigilo será absoluto. Deste ou do outro lado.

- Há um pormenor...ao se submeter ao "renascimento", aceitarás de bom grado o que chamou de "Mácula da Wyrm". Serás marcado até que consigas o que esperamos, então, Lamazus conseguirá o suporte necessário para extrair esta marca de você.

- Poupe-me de perguntar como. Isto, deverá saber dele. Minhas especializações divergem das dele.

- Creio que esta não é uma resposta que eu possa oferecer tão prontamente. Precisarei pensar um pouco. Principalmente no que diz respeito aos detalhes do plano.

Se mantém pensativo. A proposta era deveras ousada. Arriscado era pouco.

* Lamazus e Bruin caminham pelo longo corredor de pedras, iluminado apenas com as tochas esverdeadas. Após algum tempo, chegam a um grande salão ricamente ornamentado com quadros e esculturas de diversos tipos.

Há uma imensa mesa de madeira, retangular, com dois homens sentados. Acima, há um grande lustre com velas de chamas esverdeadas, como as tochas vistas anteriormente. De cada lado da sala, há uma escadaria subindo para os níveis superiores. As esculturas espalhadas pelo recinto chamam bastante atenção, principalmente algumas que estão fixas nas paredes de pedra e são imagens de criaturas grandes com asas e presas afiadas.

Um homem, já idoso e muito bem vestido, passa pela mesa servindo novas taças aos convidados, colocando mais duas. Uma à cabeceira da mesa e outra de frente para um homem vestido com roupas escuras e nobres, e longos cabelos brancos. O servo diz.

- Se desejarem alguma bebida ou alimento, solicitem e eu providenciarei. Com vossa licença.

* Diz afastando-se da mesa, mas apostos para qualquer pedido.

* Senta-se à cabeceira da mesa e aprecia o vitae em sua taça. Indica para que o novo convidado também se sente.

- Estes são Melkor Hazar, minha cria, e o senhor Anthony Wolf, um metamorfo assim como o senhor. Poderia fazer a gentileza de se apresentar?

Anthony Uivo-do-Trovão escreveu:

- Creio que esta não é uma resposta que eu possa oferecer tão prontamente. Precisarei pensar um pouco. Principalmente no que diz respeito aos detalhes do plano.

Se mantém pensativo. A proposta era deveras ousada. Arriscado era pouco.

* Começa a beber a nova taça de vitae e observa a chegada de seu Senhor e do outro metamorfo.

- Aparentemente, não terás muito tempo para pensar.

Arregá-la os olhos ao ver o outro convidado.

- Metamorfo? Aqui?

Instintivamente fica na defensiva. Não era muito comum ver outro com contato com vampiros. E o homem a sua frente não parecia ser Senhor das Sombras, o que seria um alívio, nem um Dançarino da Espiral Negra, o que seria desesperador.

*Observa curioso a reunião que se inicia. Mantém uma das pequenas mãos apoiando o queixo.

- Meus parcos conhecimentos sobre os modos de teu povo indicam que falta uma série de informações nessa apresentação. Senhor Wolf, faria as honras?

- E, por favor, coloque o senhor Bruin a par do que discutiremos esta noite.

Adotando uma postura mais descontraída, com um dos braços sobre a mesa e o outro apoiado sobre a perna, começa a falar.

- Sou Uivo-do-Trovão, Hominídeo, Ahroun da Tribo dos Senhores das Sombras. Cliath membro do Campo dos Senhores do Cume.

Da uma leve espreguiçada, pega uma nova taça de vinho, da um gole, e volta a falar.

- Sou membro da nobreza, filho de um barão. Após assassinarem meu pai, as forças da Wyrm me manipularam para sem querer liberar uma peste que está matando incontáveis vidas.

Vira a taça de uma só vez.

- Estão por trás do próprio Rei, através do Cardeal Dupont. E Lamazus e Melkor querem ajudar. Obviamente não por bondade, mas porque ver o mundo destruído não agrada ninguém, nem à vampiros.

- Por favor, mais vinho.

Olha para os vampiros.

- Esqueci algo, senhores?

*Apreciando o vitae.

- Situação explicitada. Temos um objetivo em comum: deter a praga. Por isso o convido a sentar-se e participar de nosso planejamento, Senhor Bruin.


- No entanto, és livre para partir, se desejar. Embora o Senhor Wolf possa não gostar muito dessa opção, suponho.

*Observa a conversa e comenta.

- Meus espiões indicam que haverá uma reunião do conselho de Barões sobre o conflito com Gales em duas noites. Não temos muito tempo para agir.

Retorna a beber o vinho.

- Um homem-urso? Que conveniente.

Bebe mais.

- Vampiros precisam de humanos. Lobos comem cervos. Ursos comem peixes. Faz parte.

- Agora...há mais um detalhe. A Wyrm pode estar preparando uma nova guerra nestas regiões. Talvez algo muito mais sinistro.

Se volta para Lamazus.

- Melkor me informou do plano. Não me parece muito producente ganhar a Mácula da Wyrm nesse ato de espionagem. É arriscado. Não há outro meio?

*Inexpressivo.

- O conceito de "Wyrm" pertence a vós, metamorfos. A mim pouco diz. Mas, não seriam vocês a se sacrificarem por um bem maior, por tua própria natureza?

- Senhor Wolf, em duas noites o destino destas terras estará selado. O Rei, com o aval dos Barões, declarará guerra a Gales. Imagine se Gruffyd e Dupont forem aliados realmente, some isso ao fato da praga atingir os trabalhadores rurais, peças fundamentais de nossa economia. E claro, suponhamos um cerco do exército de Gales à Bristol.

- Quanto tempo achas que a cidade, e a floresta onde está vosso Santuário, irão durar sem suprimentos e com grande parte dos humanos doentes, a caminho da morte?

- Collins, Rhaskus e Dupont nos deixaram sem opções mais...seguras.

O Garou fecha as mãos, sem conseguir pensar em melhores escolhas.

- Ainda que mudassem minha aparência, não haveriam outras formas de me identificarem? A Wyrm possui muitos espíritos.

- E ainda não disse qual a utilidade do homem-urso nessa empreitada.

* Com ambas as mãos em cima da mesa, mexendo na taça, impaciente.

- Sobre o Homem-Urso também nutro curiosidade.

* Olha Lamazus.

* Levanta-se da cadeira e começa a caminhar em torno da mesa, com as mãos nas costas, cruzadas.

- Aparência é apenas a superficialidade do plano, senhor Wolf. Se aceitares, serás marcado com o auxílio de espíritos aliados. Tua aura, cheiro e qualquer traço que o caracterizam como um simples garou serão apagados. Renascerá com uma nova aura, uma nova alma. No corpo do senhor Harvey Neshville.

Para ao lado de Homem-Urso.

- O senhor Bruin de Schwarzwald é vital para a nossa, e a tua, sobrevivência. Um ritual foi feito para liberar a praga, outro deverá ser realizado para interrompê-la. Felizmente, possuo acesso ao elemento desencadeador do fenômeno.

* Olha Wolf.

- E possuo acesso ao sangue, curado, de um ser sobrenatural exposto à maldição dos roedores. Nos falta apenas um item. O cálice do salvador da humanidade.

* Olha todos a mesa por um instante.

- O Santo Graal.

O Garou ouve as indagações do Gurahl após as explicações do Tzimisce.

- Navio de Collins? Conhece Sebastian Collins!? O que sabe, Gurahl?

Em seguida se vira para Lamazus.

- Creio que não encontrou ele "coincidentemente" também.

- E Santo Graal? Muito me interessa como tudo isso se relaciona. Talvez pudesse explanar melhor.

* Pensativo, responde a Wolf.

- Encontramos ambos porque mantínhamos Collins sob vigilância. Diga-me, senhor Wolf, durante a viagem recebeu a visita de algum espírito?...Se tratava de um servo de Lamazus.

* Olha seu mestre, a história do Graal era sempre interessante a seus antigos ouvidos.

* Novamente caminhando por um lado da grande mesa.

- Inicialmente, preciso adverti-los que Sebastian Collins concluiu um ritual complexo, mas que tinha se iniciado a séculos. Com diversos preparativos e o auxílio de algumas entidades impronunciáveis. Estamos lidando com algo secular, algo tramado e executado por gerações de criaturas com um único propósito: a destruição. Completa e absoluta.

* Fez uma pausa e retomou o assunto.

- O Graal é muito mais antigo do que o mito cristão impõe. Escutem com atenção, o que direi me foi revelado pelo primeiro de minha linhagem e poucos além dessa sala possuem tal conhecimento.

* Parou e colocou as mãos sobre a mesa, sua face é séria, quase inexpressiva. Seus olhos não piscam.

- O Graal, em verdade, é o Bálsamo de Adão. O primeiro dos Homens. Ele foi retirado da árvore primordial, em forma de resina e logo ganhou contornos de barro. A lenda indica que qualquer criatura que bebesse no vasilhame feito do Bálsamo de Adão seria curada de suas enfermidades, não importa a sua natureza.

- Quando a maldição atingiu Caim, o primeiro dos Vampiros ou Cainitas, foi natural que a busca pelo Bálsamo se iniciasse. No entanto, nenhum descendente do Primeiro conseguiu encontrá-lo. Ou assim nos fizeram acreditar.

* Deu uma pausa, olhou uma pintura na parede que retrata um homem segurando um objeto de barro semelhante à um jarro.

- Milênios após os acontecimentos, Ashur o encontrou. Alguns tolos acreditam que Ashur é apenas uma outra denominação de Capadoccius, um dos terceiros na linha de sucessão de Caim. Se enganam.

- Ashur é, na verdade, sucessor direto de Caim. Um vampiro de segunda geração. Egípcio, dispôs de seu tempo e sabedoria em busca do Bálsamo de Adão e o encontrou. Deste ponto em diante, alguns escritos milenares apontam que, com o uso do artefato, ele atingiu a Golconda, o estado maior de iluminação de um amaldiçoado. Outros dizem que Seth o destruiu. Mas estes detalhes devem aborrecê-los, não se adequam à sua realidade e não irão interferir em nossa busca.

- O importante disto, é sinalizar que o Bálsamo resistiu as eras. Ganhou novas formas. Os celtas o cultuavam, histórias foram contatas sobre cavaleiros e um Cálice sagrado e Jesus Cristo, o dito salvador da humanidade, o portou, de fato. Sua forma material mudou com tempo. Do Barro ao Ouro. Mas o essencial é a resina da Árvore Primordial.


- Após longos séculos de pesquisa e imersão em diversos níveis espirituais, localizei o Santo Graal, o Bálsamo de Adão. E por isso, os Senhores estão nessa sala.

* Voltou a seu lugar, sentou-se e olhou os convidados por um instante, antes de concluir.

- Metamorfos são criaturas de dois planos de existência. Transitam entre o mundo físico e o espiritual. Por isso, são os mais indicados a alcançarem o artefato.

- O Santo Graal está em um local conhecido como A Lamentação de Eva, situado no reino dos mortos, ou como vocês a conhecem: na Umbra baixa. Buscá-lo é, sem dúvidas, uma tarefa hercúlea. Por isso vocês serão a ponte entre nós, Cainitas, e os Metamorfos residentes em Greenwich.

- Somente com o Graal, poderei usar de vosso sangue e conter o avanço da maldição que Collins criou. Não há outra forma. E que fique claro, Lobisomens, o que ele desencadeou poderá levar a humanidade à extinção.

Ouve de forma atenta e curiosa o relato. O Garou não deixa de demonstrar algum interesse na mitologia dos vampiros. Cada palavra é registrada em sua mente.

De fato, a quantidade de informações o deixa momentaneamente desnorteado. Era muito de uma só vez. Após os momentos de perplexidade inicial, começa as perguntas:

- Não compreendo...se a praga foi um grande ritual para exterminar a humanidade...qual o sentido do resto? Griffyd e Dupont, a guerra com Gales se torna desnecessária, afinal, a peste já está no mundo. Há algo mais nessa história?

* Olhou Wolf e o respondeu.

- Precisas ver além do óbvio, Senhor Wolf. Nosso convidado, Homem-Urso, recebeu um elixir contendo uma espécie de cura. Collins o usou como um teste, bem sucedido afinal.

- Para que serve a destruição, se não para recriar algo com um novo contorno? Se eu estivesse planejando o que Collins, Rhaskus e Dupont parecem estar, sem dúvidas eu selecionaria os aptos a viverem no novo mundo que seria criado. E pelo teste realizado no Senhor Bruin, suponho que esta seja a resposta.

- Bristol é a nova capital da Bretanha, perde em tamanho e influência apenas para a capital francesa. Comercio, navegações, relações. Um ponto estratégico de distribuição e controle da praga e quem sabe, do novo mundo. E a praga precisa circular para que seja efetiva.

- A partir de agora, será preciso que vejam sempre além do óbvio. Ou não teremos chances.

* Olha o Gurahl.

- Fora despejado ao mar, para morrer, Senhor Bruin. Ou acreditou que Collins pouparia sua vida após presenciar seu teatro estratégico? O resgatamos, assim como fizemos ao Senhor Wolf.

- Novamente, preciso que enxerguem além. Nossa aliança deverá permanecer em sigilo, até o momento apropriado. Convencer os demais metamorfos da importância desta busca não deverá ser complexo, quando os informar sobre a praga, sua natureza e fim e claro, como impedi-la.

- Espero que sejas capaz de sobrepujar esta inimizade, Senhor Bruin. Muito depende disto.

*Bebendo seu vitae, complementa.

- Sugiro que convençam um metamorfo que reside na baixa cidade, antes de irem ao Santuário. Seu nome é Gaspar, ele poderá ser encontrado na Taberna O Covil da Raposa.

- Sem dúvidas, ele será o mais receptivo ouvinte.